quarta-feira, agosto 27

Após longa deliberação, decidi que valia a pena romper o silêncio do blog para registrar a conquista da medalha de ouro pela seleção feminina de vôlei na Olimpíada de Pequim. Ao longo dos anos foram inúmeras noites de sono perdidas a fim de acompanhar a equipe em tudo que é competição, mas finalmente veio a recompensa. Até hoje me lembro daquela infame semifinal nos Jogos de Sydney: fiquei acordado até o dia amanhecer só para testemunhar o Brasil ser derrotado por Cuba no tie-break. Em retrospecto, percebo que beirava o delírio esperar uma vitória naquele jogo, afinal nosso time era bem limitado; sem falar que as caribenhas já tinham sido nossas algozes no Mundial de 94 e em Atlanta. É verdade, várias edições do Grand Prix foram conquistadas nesse período, mas alguém realmente se importa? Em seguida, veio a dolorida derrota para a Rússia na semifinal de Atenas e, por consequência, a crescente irritação com jornalistas oportunistas e torcedores de ocasião que decidiram crucificar a Mari e taxá-la de amarelona. Preferiram ignorar que ela só tinha 20 anos, que marcou incríveis 37 pontos e que assumiu a responsabilidade no momento decisivo enquanto as veteranas do time se omitiam. Se o Brasil teve chance de vencer aquele jogo, foi muito em função da atuação dela.
Quatro anos depois, com direito a enfrentar cirurgia no ombro e dispensa após o Pan, é gratificante constatar que ela conseguiu dar a volta por cima (para desgosto dos que não viam a hora de poder massacrá-la novamente). Trocou de posição e passou a recepcionar com eficiência, o que permitiu à equipe brasileira colocar três atacantes natas (Mari, Paula Pequeno e Sheilla) na quadra e atropelar os adversários em Pequim (como já acontecera no Grand Prix). Não há dúvida de que o maior poderio ofensivo e de bloqueio fez a diferença a nosso favor desta vez.

Admito, quando a televisão mostrou Marianne Steinbrecher, minha jogadora predileta, com a merecida medalha de ouro no pescoço, foi impossível evitar a aparição de uma lágrima furtiva.

sexta-feira, maio 30

Minha estratégia de ação é mais ou menos a seguinte: retomar o tema do post anterior e agir como se ele não tivesse sido escrito há quase dois anos. Estou certo de que o eventual leitor, encaminhado para este blog por meio de alguma pesquisa no Google, não se incomodará com tamanho descaramento.
Conforme disse há quase dois anos, fazia-se necessário assistir mais filmes com a Kelly Macdonald. Pois bem, foi o que fiz neste "pequeno" intervalo de tempo. Comecemos pelo badalado "Trainspotting", que, por incrível que pareça, eu ainda não assistira. Apesar de viver uma personagem de menor importância, ela chama a atenção em uma cena ao montar o Ewan McGregor com extrema desenvoltura, o que torna ainda mais cômica a revelação que ocorre em seguida. O filme, sinceramente, não me empolgou muito. Em outra época, talvez, alcançasse um efeito maior sobre mim.
Já o obscuro "A garota da cafeteria" foi uma surpresa agradável. O filme trata de duas almas tímidas e solitárias que habitam mundos opostos e desenvolvem uma hesitante relação após um encontro casual (o chamado meet cute). É um "Encontros e desencontros" sem os atores cultuados, a trilha indie e a direção cheia de estilo da Sofia Coppola. Desgraçadamente, lá pela metade do filme, o roteirista dá uma guinada radical na, até então, encantadora história e adota um tom panfletário cheio de boas intenções, cujo claro objetivo é aliviar qualquer vestígio de culpa que aflija a sua (dele, roteirista, e nossa também) consciência social.
Do chatíssimo "Nanny McPhee" só sei dizer que ela faz uma criada que alimenta uma paixão platônica pelo patrão. Este filme, aliás, confirma a teoria de que o nosso cérebro elimina determinadas lembranças a fim de abrir espaço para outras. Ah, os sacrifícios que eu faço...
Não custa lembrar que a Kelly Macdonald também participou do último filme dos irmãos Coen, o oscarizado "Onde os fracos não têm vez", mas como não tenho mais o hábito de ir ao cinema, só poderei assisti-lo quando comprar o dvd. O que significa que meu pitaco deve aparecer neste blog daqui a uns dois anos.

sexta-feira, setembro 29

Definitivamente, preciso espantar a preguiça e assistir mais filmes que contem com a Kelly Macdonald no elenco. Após capturar minha atenção como a doce e ingênua Mary Maceachran de "Assassinato em Gosford Park", a atriz escocesa repetiu a dose em "Em busca da Terra do Nunca", que assisti outro dia na HBO (o filme é meio sentimental mas não chega a ofender). Sua breve aparição como a primeira atriz a viver Peter Pan no teatro é, para dizer o mínimo, encantadora. Ela tem uma presença na tela que não deixa ninguém indiferente. Aliás, as criativas cenas que retratam a montagem da peça são o que há de melhor no filme.
E antes que eu me esqueça, vamos ao resmungo de praxe: será que roteirista e diretor não poderiam ter sido mais sutis ao introduzir no filme o tema da doença que aflige a Kate Winslet? Meu alarme mental foi acionado instantaneamente na cena em que ela dá uma tossidinha despretensiosa enquanto pendura algumas roupas no varal. "Opa! Não existe filme em que a protagonista tussa a troco de nada. Vem doença fatal por aí!"

domingo, agosto 6

Como a essas alturas ninguém mais lê isto aqui, acho que nada me impede de cometer um post extemporâneo sobre a Copa do Mundo. Duas palavras bastam para resumir o meu pensamento a respeito do que ocorreu dentro das quatro linhas: um porre. Parece até que a cada nova Copa as seleções se esforçam para piorar o nível técnico. Nesse sentido, as pelejas do escrete canarinho foram particularmente sofríveis. Pensando em retrospecto, talvez eu devesse tê-las eternizado em vídeo. Seriam um ótimo antídoto contra futuras crises de insônia (juro que quase cochilei naquela pelada contra Gana). Felizmente o gol do Henry colocou um ponto final no ufanismo histérico e despropositado dos torcedores que têm o Galvão como guru. Ah, antes que eu me esqueça: quem inventou a corneta plástica merece arder no fogo do inferno.
O que salvou a Copa do fracasso total foi o memorável Portugal x Holanda, também conhecido como Batalha de Nuremberg. Foi um espetáculo sublime, de dar lágrimas nos olhos. Na briga por uma vaga nas quartas, jogadores baixaram o sarrafo do primeiro ao último minuto, Felipão e Van Basten trocaram ofensas na beira do campo, cartões vermelhos jorraram do bolso do árbitro e o resultado permaneceu imprevisível até o apito final. O exato oposto do enfado profissional exibido pelos milionários tupiniquins. Outro jogo digno de nota, especialmente pela empolgante prorrogação, foi Alemanha x Itália, o clássico do Eixo. Destaque para o desengonçado atacante Luca Toni, cujo nome me despertou a lembrança de um personagem de "O poderoso chefão" e, por consequência, do refrão de "I am the mob", música bacana do Catatonia em que ele é citado: Luca Brasi, ah he sleeps with the fishes.
Mas não tem nada não, outras Copas virão e novamente teremos a chance de reforçar os nossos estereótipos. Que o diga aquela cidadezinha suíça que hospedou a seleção na fase de treinamentos e foi literalmente invadida pela malta brasileira (ô, raça!). Suas ruas, antes sossegadas, foram tomadas por ambulantes, muita batucada e moçoilas desinibidas que utilizam eufemismos para definir sua ocupação (dançarina é um dos favoritos). Tudo isso reportado, com indisfarçável orgulho, pelo Jornal Nacional.

É, finalmente retomei o blog. Só posso dizer que enquanto parar é fácil, recomeçar é difícil à beça.

segunda-feira, outubro 10

Outro dia estava dando uma espiada nos arquivos e, além de constatar que este blog já viu dias melhores, encontrei um curioso post datado de 28 de outubro de 2002. Chamou-me a atenção o seguinte trecho:
Também votei no Lula, mas seria bom que todo mundo ficasse com os pezinhos no chão. A distância entre a euforia e a depressão é bastante curta.
Proféticas palavras de um craque da análise política. Não, agora falando sério. A verdade é que, em se tratando de Brasil, ninguém jamais perdeu dinheiro por apostar no pior cenário possível.

***

Sempre acreditei que relatos do gênero não passassem de lenda urbana, mas finalmente aconteceu comigo. Consegui, na Siciliano, o "One soul now" (duplo!) dos Cowboy Junkies por incríveis R$ 4.99 mais o frete. A versão para "Seventeen seconds", do Cure, que vem no classudo disco de covers é matadora.
Com tanta coisa mais importante para resolver, eles me inventam esse referendo idiota sobre a proibição da venda de armas (que tal um sobre o voto facultativo?). Vou logo avisando que não tenho opinião formada sobre o assunto (que inveja dessas pessoas que sabem as respostas para todas as perguntas), mas como o Governo e a Globo fazem campanha aberta pelo "Sim", andei considerando seriamente a hipótese de anular o voto. Entretanto, após ver um comercial dos adeptos do "Sim" em que o repulsivo Felipe Dylon expele uma série de ruídos incompreensíveis, admito que fiquei bastante tentado a votar no "Não".

sexta-feira, setembro 30

Antes de começar ninguém imagina que possa ser assim, mas colecionar DVDs de filmes é um negócio extremamente viciante. Após ultrapassar a barreira dos cem, estou caminhando célere na direção da segunda centena (clássicos em sua maioria). Mesmo assim, a lista de desejos só faz aumentar.

domingo, agosto 7

Meu Deus, e essa eleição presidencial que não chega nunca... Juro que não tenho mais estômago para ver na tv esses quase comícios em que o Lula relembra, pela enésima vez, os valores morais que aprendeu com a mãe, derrama algumas lágrimas protocolares e dispara um discurso enfezado contra as elites que pretendem apeá-lo do poder. Depois de aturar o sociólogo e o torneiro-mecânico, minha utopia atual é ver sentado na cadeira de Presidente alguém que não adore ouvir o som da própria voz.

domingo, julho 31

Acredito que exista um consenso sobre como a memória afetiva, às vezes, nos prega algumas peças. No meu caso a culpa é da Sessão da tarde. Por incrível que pareça, ainda mais se considerarmos o padrão atual, houve um tempo em que ela era levada a sério pela Globo e bons filmes eram exibidos. Neste passado distante não me cansava de assistir às constantes reprises do meu, então, filme predileto: A fantástica fábrica de chocolate. Só que, conforme fui ficando metido a besta, comecei a também enxergar seus enormes defeitos: direção medíocre, visual tosco e momentos constrangedores (detesto a cena dos arrotos até hoje). Passou de predileto a ignorado.
Ainda no tempo do onça, a Globo costumava, na época das férias, substituir a Sessão da tarde pelo Festival Jerry Lewis, por quem eu tinha verdadeira adoração. Gostava de todos os seus filmes, menos de O professor aloprado, o que não deixa de ser irônico, afinal é considerado seu melhor trabalho (preciso revê-lo, portanto). Embora tenha deixado de lado a idolatria pelo Jerry Lewis - ninguém aguenta tanto histrionismo - ainda aprecio filmes como O meninão, Errado pra cachorro e O terror das mulheres, a cujo dvd não pude resistir. E não dá para não achar graça quando ele começa a gritar com aquela voz esganiçada: "Laaady! Hey, Laaady!".
Assassinato por morte, uma sátira aos detetives da literatura policial escrita pelo bamba Neil Simon, é outra obsessão que vem da mais tenra infância. Fazia séculos que não o assistia pela tv, e o dvd, um dos primeiros a sair por estas bandas, encontrava-se há tempos fora de catálogo. Mas para minha surpresa, sua distribuidora, num lampejo de lucidez, resolveu colocar uma nova tiragem no mercado, permitindo que minha sede de nostalgia fosse saciada. Confesso que após tantos anos de procura quase fui às lágrimas ao tê-lo, finalmente, em minhas mãos. Deste ponto em diante ficou evidente que o coitado do filme não teria como corresponder à imensa expectativa criada por mim. É uma boa diversão, o Peter Falk imita o Bogart com perfeição, o Peter Sellers está ótimo como Sidney Wang (clone do Charlie Chan), mas estas tentativas de regressão estão sempre condenadas ao fracasso. Talvez fosse mais saudável me contentar apenas com as lembranças, por mais traiçoeiras que elas possam vir a ser.

quarta-feira, junho 29

Jurei que não faria mais listas, porém encontrei um ótimo exemplo para uma hipotética lista de "DVDs que jamais serão lançados por aqui": o box com a primeira e única temporada da saudosa série Freaks and Geeks, mais fiel (e bem-humorada) transposição para a telinha daquele circo dos horrores conhecido como adolescência. Será que nenhuma distribuidora se habilita? O triste é que a série foi exibida pela Fox há sei lá quantos anos e nunca foi, ao menos, reprisada. Mesmo assim, para quem acompanhou, a abertura ao som de "Bad reputation", da Joan Jett, segue inesquecível.

segunda-feira, maio 30

Visto que sou um camarada de muito pouca originalidade, pensei em dar sequência ao tema das listas. De início, uma com as melhores femmes fatales a marcar presença em filmes noir. Pensei logo na Phyllis Dietrichson (Barbara Stanwick) de "Pacto de sangue" e na Gilda (Rita Hayworth) de... uhh... "Gilda". Mas na hora de quebrar a cabeça e escolher outras candidatas, fui vitimado por uma velha inimiga: a preguiça. Decidi, então, optar por um tema mais fácil: as melhores comédias românticas (recentes, senão iria de Capra, Wilder, etc). As três primeiras escolhas foram tranquilas: "Feitiço do tempo", "Sintonia de amor" e "Harry e Sally". Só que pintou uma indecisão quanto às vagas restantes, por isso resolvi arquivar a idéia. Aliás, daqui pra frente, acho melhor arquivar qualquer post que fale sobre listas.

sexta-feira, abril 29

Admito que não botava muita fé nessa volta do House of Love, portanto, devo dizer que fiquei agradavelmente surpreso com o recente "Days run away". A psicodelia e as paredes sonoras ficaram para trás (afinal o tempo passa), mas os acordes cristalinos e as belas harmonias vocais continuam presentes. Optaram pela simplicidade. Neste aspecto lembra mais o primeiro disco (com exceção de "Christine") do que os produzidos trabalhos posteriores. Será que tem chance de ser lançado por aqui? É, eu achava que não...

quinta-feira, abril 7

Mais uma lista de filmes, agora com os melhores títulos sob o ponto de vista kitsch. Detalhe: só vale clássico. Pesquisei bastante mas só consegui encontrar quatro que preenchessem os requisitos necessários.

1. Suplício de uma saudade (Love is a many-splendored thing)
2. Deus sabe quanto amei (Some came running)
3. Amar foi minha ruína (Leave her to heaven)
4. Em cada coração um pecado (Kings row)

sexta-feira, março 18

Aproveitando que eu estou à toa (e sem inspiração), aí vai a minha lista com os cinco melhores filmes de tribunal

1. Testemunha de acusação (Witness for the prosecution)
2. 12 homens e uma sentença (Twelve angry men)
3. Anatomia de um crime (Anatomy of a murder)
4. O sol é para todos (To kill a mockingbird)
5. O veredicto (The verdict)

Embora tenham ficado de fora da lista, merecem ao menos citação: O reverso da fortuna (Reversal of fortune) e Muito mais que um crime (The music box). Um dia, quem sabe, alguma distribuidora há de lançar Testemunha de acusação em dvd.

segunda-feira, fevereiro 28

Era inevitável. Eis os meus pitacos sobre o Oscar:
Deviam extinguir o prêmio de melhor canção, ninguém merece ver três números musicais com Beyoncé (acho que é assim que se escreve).
Deviam proibir os discursos de agradecimento, ninguém merece ouvir todo aquele palavrório. Esse Jamie Foxx é um tremendo cara-de-pau, aquela referência "emocionada" à sua vovozinha já acontecera no Globo de Ouro e no SAG; um caso clássico de lágrimas de crocodilo. A Hilary Swank até começou bem, relembrando a origem white trash, mas depois caiu na esparrela de agradecer advogados, agentes e empresários. Falou pelos cotovelos à toa.
A Gwyneth Paltrow entregou o prêmio de melhor filme estrangeiro, mas como todos sabem "Diários de motocicleta" não estava entre os concorrentes. O curioso é que antes da cerimônia, em entrevista à CNN, ela citou os dois filmes que mais gostou no último ano: um cujo título eu não entendi e o outro era justamente o Diários. Tá vendo só? E o Walter Salles vive malhando a moça porque ela levou o Oscar no lugar da Fernanda Montenegro. Ao menos ela não guardou rancor.
E a filha, eu suponho, do Sidney Lumet? Impressionante. Não é à toa que ele continua trabalhando aos 80 anos, afinal alguém precisa pagar pelos implantes da bem fornida jovem.
A Natalie Portman é a Winona Ryder do século 21. Ambas têm um tipo delicado, usam cabelo curtinho, são adoradas pelos geeks e usam roupas esquisitas no Oscar.
Bem que podiam dar um tempo na correção política, a premiação ficou parecendo aquelas campanhas publicitárias da Benetton com brancos, negros, latinos e orientais em total comunhão. Pra piorar, ainda colocam a Penélope Cruz no palco, sendo que seus "feitos" no cinema se resumem a namorar o Tom Cruise e co-estrelar um filme com o Murilo Benício (!!!).
A Kate Winslet estava um absurdo de tão bonita. Quando assisti "Almas gêmeas" no saudoso Estação Cinema 1 (que o Xexéo injustamente acusava de cheirar a mofo), não poderia imaginar que ela e o Peter Jackson se tornariam grandes nomes do écran (não resisti). Mas que ela já era um pitéu na época, isso era.

terça-feira, janeiro 25

De nada adiantou ter lugar na segunda fileira do ônibus. A Lei de Murphy entrou em ação e, contra todas as probabilidades, acomodou as duas únicas crianças do ônibus bem na minha frente. E o pior, pertenciam à espécie mais comum de criança: a que tem bicho-carpinteiro no corpo. Podem me acusar de radicalismo, mas sou da opinião de que criança chata (o que é quase um pleonasmo) devia seguir viagem no bagageiro. Para escapar da cacofonia produzida pelas insuportáveis criaturas, fiz o que qualquer um faria: botei o fone no ouvido e só o tirei no término da viagem. Bem mais difícil foi ignorar o rosto de nariz ranhento que teimava em surgir sobre o encosto da poltrona. O jeito era fechar os olhos ou observar, com falso interesse, os detalhes do teto do ônibus.
Logo no início do trajeto o motorista chegou a ameaçar uma ultrapassagem ousada, mas desistiu em seguida. Neste exato instante, a Isobel cantava no fone: But still I hesitate because of fear. Achei uma coincidência engraçada. Se fosse ensaiado não teria a mesma sincronia. Já na serra de Petrópolis, ao encarar uma curva perigosa, o motorista tentou ultrapassar um caminhão gigantesco e quase meteu o ônibus no meio do monstrengo. Não satisfeito, incorporou o Satoru Nakajima e tentou dar um X num caminhãozinho invocado que o deixara para trás. Tomou uma fechada desmoralizante e, finalmente, sossegou o facho. Como o fone estava ocupado por Ride, Placebo, HOL e outros suspeitos usuais, o Morrissey foi impedido de fazer o comentário óbvio: And if a ten ton truck kills the both of us. Acho que me faltou presença de espírito.